ESCOLHENDO A MADEIRA PARA SEU AVIÃO

Por Eduardo Hilton

 

No Brasil, a melhor opção para a construção aeronáutica é sem dúvida o Freijó. Ensaios realizados voltados para a aviação, nos mostram alguns dados interessantes.

A umidade deve variar entre 10 e 15%, porém um valor mais específico fica por volta dos 13 ou 12%.  Se secarmos uma madeira até obter um valor de 10% de umidade, e depois deixarmos a mesma descansando em um lugar seco, obteremos em uma nova medição de umidade, um valor normalmente maior que os 10%. Este valor variará em função do local onde a madeira estará armazenada. É importante salientar que, quanto mais seca  a madeira, maior será sua resistência. Em algumas madeiras obtemos até 4% de acréscimo em  sua resistência para cada 1% de umidade que retiramos, a partir dos 19% de umidade.

Para o Freijó, com uma umidade por volta dos 13% obtemos os seguintes dados, os quais ainda podem variar:

Peso específico de 0,59 a 0,61

Tensão de Compressão - O valor de 4,4 Kg/mm2 pode ser usado na falta de valor obtido através de corpo de prova. Usar sempre um fator de segurança de 1,5.

Tensão de tração - Apesar de se obter valores por volta de 11,9 kg/mm2 em muitos ensaios, é conveniente usar valores por volta de 8.8 Kg/mm2, ou seja, o dobro da tensão de compressão.

Tensão de cisalhamento - O valor de 0,85 Kg/mm2, em se tratando de cargas paralela as fibras.

Para a Flambagem,  a determinação da carga crítica por Euler representa muito bem os valores de ensaio:

A fórmula é a seguinte. Carga crítica = C x 3.14162 x E x J / L2   onde:

L = comprimento do corpo

J = Momento de Inércia

E = Módulo de elasticidade a compressão = 162000

C = Fator para a aviação = 2

Os dados acima são muito úteis para quem está projetando uma aeronave. Porém para quem está apenas construindo um avião a partir de plantas, os valores acima pouco representam. No entanto, para quem está apenas construindo, a escolha da madeira é de extrema importância e por isso, segue abaixo algumas dicas interessantes.

A inclinação da fibra ao longo de uma peça, não deve ser maior que 15:1, ou seja, para cada 15 centímetros de comprimento, a fibra deve subir 1 centímetro. O ideal é a fibra paralela, ou seja, para cada 1 metro, ele não sobe nada.

Deve-se evitar ao máximo rupturas das linhas da fibra, e também, nós nas madeiras escolhidas.

A fibra deve ser resistente à ruptura provocada, conforme pode-se observar na figura a seguir:

 

 

Para a escolha do local de corte da madeira, podemos olhar a figura que segue mais a frente.

 

Não é nada indicado, que com o passar do tempo, algumas madeiras de que já estejam coladas, comecem a empenar. Menos ainda indicado, é que a longarina

empene. Para evitar isso, deve-se observar a primeira figura dos cortes, com seus empenamentos.

 

 

 

 

Note que no exemplo acima, no corte tangencial, a prancha ficará arqueada em demasia, o que não é nada recomendado. Em contra partida, o corte radial, que está em baixo e no lado esquerdo, é o mais indicado, pois não existe praticamente empenamento, apenas retração. Nem sempre se consegue o que quer, entretanto procurar  algo com uma inclinação até 30 graus do ideal é aceitável. Alguns falam em 45 graus.

Para melhor exemplificar, veja a figura abaixo:

Na parte inferior ao lado direito, a madeira está cortada para ser usada na aviação. Entretanto, para longarinas, deve-se dar preferência ao corte ilustrado na letra A.

O número de anéis deve ser o maior possível, ou seja, se tiverem que decidir por uma madeira com 8 anéis por polegada, e outra com 6 anéis por polegada, a opção deve recair para a madeira com 8 anéis por polegadas.

Outra característica do Freijó, é que possui uma boa resistência ao apodrecimento e também possui uma relativa "resistência "ao ataque de insetos. Por ter a árvore Freijó aproximadamente 30 metros de altura, e praticamente sem galhos e também retilínea, possui poucos nós, e com ela, pode-se obter pranchas relativamente longas, o que facilita a construção de longarinas.