Contraplacado aeronáuticos – Valores médios e cuidados no ensaio

A tabela que segue abaixo se refere a dados obtidos pelo IPT para o contraplacado aeronáutico feito por eles. A madeira utilizada foi o Pinho do Paraná ( Araucária Angustifólia ).   Para a tabela:

e = espessura da chapa em mm

Peso = Peso médio das chapas em gr/m2

TP = Resistência a tração em kg/cm2 e tração paralela as fibras externas, não pode ser inferior a 700 kg/m2.

TN = Resistência a tração em kg/cm2 e tração normal as fibras externas, não pode ser inferior a 460 kg/m2.

SM = Soma das resistências, não pode ser inferior a 1400 kg/m2.

T45 = Resistência a tração em kg/cm2 e tração a 45o em relação as fibras externas, não pode ser inferior a 300 kg/cm2.

MTP = Módulo de Elasticidade em kg/cm2 com tração paralelo as fibras externas.

MTN = Módulo de Elasticidade em kg/cm2 com tração normal as fibras externas.

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E MECÂNICAS DO CONTRAPLACADO

e

Peso

TP

TN

SM

T45

MTP

MTN

 

 

 

 

 

 

 

 

0.8

603

1272

795

2067

578

137100

67500

1.0

752

1195

949

2144

551

148000

70500

1.2

867

1307

869

2176

463

147600

79500

1.5

1007

1107

995

2102

479

131900

87000

2.0

1409

1094

880

1974

361

137800

94500

2.5

1667

1041

947

1988

428

144700

84500

3.0

1987

1092

783

1875

353

120500

72100

O contraplacado de 3 mm é feito a partir de 3 chapas de 1 mm cada. Para medidas superiores a 3 mm, deverão ser usada mais camadas sendo que cada uma delas não deve exceder a 1 mm.

No contraplacado de 1.2 mm são usadas 3 camadas de 0.4 mm cada. A combinação de diferentes espessuras de camadas fazem a gama da espessura total dos compensados.

O compensado interno de um contraplacado de 3 camadas por exemplo, não pode ultrapassar em espessura a soma das duas camadas externas. É aceitável 1 mm no centro e duas externas de 0.5 mm cada. Porém não é aceitável 1 mm na camada interna e duas de 0.4 mm cada, perfazendo neste caso 1.8 mm de espessura de contraplacado. O contraplacado sempre deve ser feito com um número ímpar de camadas e não inferior a 3.

O aumento da espessura da folha interna do contraplacado, dá mais resistência a tração normal ao contraplacado, porém menos flexibilidade e vice versa. Por isso é normalmente construído os contraplacados com a folha interna levemente maior em espessura. As folhas externas é que dão o sentido ao contraplacado. Diz-se que a carga age no sentido longitudinal quando está paralela as orientação das fibras das camadas externas.

 

ETAPAS PARA A FABRICAÇÃO

 

1 – Seleção das folhas - As folhas que servirão para fazerem os contraplacados devem estar isentas de defeitos tais como; rasgos, furos, nós, podridão, manchas azuis, enrugamentos demasiados após a secagem. Estas folhas dever ser retiradas de toras bem cilíndricas com camadas anuais de crescimento bastante homogêneas e concêntricas. O pinho vermelho ou escuro deve ser evitado, bem como toras com manchas azuis. O pinho branco é o mais indicado.

2 – Colagem – O IPT se utilizava do “tego film” ( resina fenólica ). Acredito que hoje, resinas epoxi podem substituir com vantagens a resina fenólica. A colagem das folhas do pinho devem ser feitas sob uma pressão de 20 kg/cm2, durante um tempo que varia com a espessura da chapa e suficiente para garantir a colagem. A temperatura na prensagem deve ser por volta dos 140º. Para outro tipo de cola esta temperatura pode mudar. Para este aquecimento os pratos da prensa normalmente são vazados por onde circula o vapor de aquecimento. Tendo em vista a temperatura da colagem e o ressecamento do contraplacado em função desta temperatura, existe a necessidade de se jogar ar nas chapas para o resfriamento e equilibrar a umidade com o ar do ambiente. Considera-se que a colagem esteja boa se ao tentar destacar duas chapas o rompimento venha a ocorrer na madeira e não na cola.

3 – Seleção das chapas – O IPT utilizava-se de uma lâmpada forte e passava a chapa por cima desta de forma a ver por “transparência” eventuais defeitos de colagem, uma vez que as chapas já haviam sido inspecionadas. Não são aceitáveis falhas de colagem.

4 – Resistência a água – O contraplacado deve ser submerso em água corrente por 48 horas ou em água fervente por 3 horas e a separação das folhas só deve ocorrem na madeira e nunca na colagem.

5 – Flexibilidade – Deve ser possível de se dobrar um contraplacado até atingir a forma de um U cujo diâmetro da curvatura seja igual ou inferior a 100 vezes a sua espessura, ou seja, para um contraplacado de 2 mm de espessura deve conseguir ser dobrado em forma de um U com o diâmetro de 200 mm no mínimo. A largura do corpo de provas deve ser de 25 mm. Para este ensaio, deve-se tornear chapas de madeira de 28 mm de espessura com o diâmetro desejado, e fazer o contraplacado formar o U ao seu redor.

6 – Resistência a tração – O contraplacado deve ser ensaiado a tração no sentido longitudinal, normal e a 45o em relação as fibras externas. O corpo de prova deve possuir 25 mm de largura, e um comprimento de 233 mm, sendo que nas duas pontas deve possuir uma área retangular de 100x25 mm. A seção central restante, 133 mm, deve possuir  uma redução de área de forma que a menor largura passe a ser 10 mm onde antes era 25 mm.  A maneira que deve este estrangulamento ser feito, é com um raio de 300 mm em cada lado, partindo da cota de 100 mm da região de 100 x 25.

7 – Espessura – Deverá ocorrer uma variação menor que 10% da espessura entre chapas de mesma espessura.